Tema nº. 37 – Explicação sobre família.
O conceito que temos de família hoje é: grupo de pessoas que estão juntas por laços consangüíneos (que normalmente vivem no mesmo lar).
Esses laços são, não obstante, fortalecidos por fatores tais quais: a tradição, os costumes, os hábitos, a religião, o nome, as vitórias, a região geográfica etc.
Normalmente os entes familiares procuram manter e fortalecer estes laços.
Desta maneira, somos, em geral, influenciados por estes laços, os quais interferem decisivamente na nossa estruturação psicológicas.
A esses laços soma-se outro laço ainda mais forte. Quero me referir ao invisível laço que prende os entes de uma família em um bloco. A esse laço dá-se o nome de APEGO.
O APEGO é um sentimento que, errônea e constantemente se confunde com o amor; mas ao contrário deste, o apego é um sentimento negativo, de daninho aprisionamento e chega até mesmo muitas vezes a ser perverso, sendo prejudicial para todos, ou seja, tanto para aqueles que o sentem, como para aqueles que são o motivo ou vítima dele, ainda que o justifiquemos com as melhores das intenções. Todos nós, em geral, não estamos livres de sentirmos tal sentimento, bem como de sermos vítimas dele.
O apego é como uma cola… um sofrimento… uma falta de não sei o quê… Ele consome muito da nossa sagrada energia sexual.
O AMOR, por sua vez, nada cobra; quer apenas que a outra pessoa seja feliz, ainda que longe da gente, encontrando seus próprios caminhos… Ainda que não compartilhemos dos mesmos ideais… Ainda que não trilhemos os mesmos caminhos… O AMOR não tem rancor, nem guarda mágoas…
Muitas vezes, quando opera o defeito psicológico do APEGO em nós mesmos, ficamos privados de bom senso. Daí, acabamos por perdoar, quando deveríamos repreender; calamos, quando deveríamos falar; falamos, quando deveríamos calar…
Muitas vezes, ainda, acabamos por fazer aquilo que não achamos correto e cedemos somente para agradar, devido ao apego.
O APEGO, enfim, É UM SENTIMENTO MUITO NEGATIVO.
Devemos nos analisar profundamente durante o dia e, durante essas auto-observações, quando surgir o apego, tratar de compreendê-lo. Que cada um tire seu próprio conhecimento interior destas observações e compreendam por si mesmos aquilo que vos escrevo nesta lição. Somente assim estarão maduros para pedirem de instante em instante, de momento em momento, toda vez que sentirem o ‘gosto psicológico’ do apego em si mesmos, a eliminação de tal defeito.
Disse o Cristo: “ Não julgueis que vim trazer a paz sobre a terra. Vim trazer não a paz, mas a espada (obs: o fogo sagrado). Eu vim fazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa.
Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue não é digno de mim. Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á.” (Matheus 10, 34-39)
“… Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos e não podiam aproximar-se por causa da concorrência do povo. E lhe comunicaram: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te. Ele, porém, lhes responderam: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.” (Lucas 8, 19-21)
QUANDO DESDOBRAMOS EM ASTRAL CONSCIENTEMENTE OU DESENCARNAMOS –
FAMÍLIA É TODA A HUMANIDADE |
Reflitamos…
Se ampliarmos o conceito de família, levando em conta os mandamentos do Cristo (amar uns aos outros como a si mesmos, fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós…) poderemos dizer, então, que a verdadeira família são todas as pessoas do mundo. Isso tudo nos faz lembrar – pois ambos falam a respeito das mesmas coisas – a COMPAIXÃO pregada pelo Buda.
Admitamos, de uma vez por todas, que aqui no mundo físico uma pessoa depende da outra – independentemente do trabalho que faça e de seu nível de ser pessoal – e, deste modo, ajudamos alguns e somos ajudados por muitos.
Porém, não façamos da caridade uma religião. Essa é uma fácil maneira de perdermos de vista o Caminho Sagrado que nos conduz a Liberação final e nos prendermos em unicamente cuidar dos problemas físicos dos demais.
A caridade, não obstante, é uma obrigação. Aliviar o sofrimento dos outros é, sim, uma obrigação de todos nós. A compaixão é uma característica da essência. A compaixão provém do coração e da consciência. Deve ser algo natural, suave; assim como tudo que provém do coração tranqüilo. Buda começou seu trabalho interior e divulgou-o baseado em aliviar do sofrimento dos outros. Não há melhor maneira de aliviar o sofrimento de todas as pessoas do mundo, do que ensiná-las a não sofrerem.
Reflitamos, ainda neste outro ensinamento crístico: “…é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, que um rico entrar no reino dos céus”. Rico é aquele que se ilude com o mundo do poder e das aparências e deixa de tratar as pessoas com igualdade. Rico é aquele que pensa valer mais que os outros. Que dá valor a tudo a todos. Rico é, finalmente, aquele que não ama aos outros como a si mesmo.
Precisamos com urgência máxima cumprirmos os mandamentos do Cristo. Não em palavras, ou atitudes exteriores, mas sim estabelecendo este estado de bem-aventurança dentro de nós mesmos, definitivamente. Para isso é indispensável que realizemos uma mudança radical dentro de nós mesmos. E isso somente é possível com os TRÊS FATORES DE REVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA.
Portanto, o defeito psicológico do apego é um dos responsáveis por nos induzir a tratar com discriminação aqueles que não são da nossa família consangüínea; fazendo com que não tratemos todas as pessoas do mundo de forma igual. Porém, cuidado aí: quando nos referimos a tratar com igualdade, queremos dizer, tratar com justiça, sabedoria e amor!
Ainda, para encerrar, e aproveitando para ampliar um pouco aquilo que se pode escrever sobre o apego, diremos que ele, por exemplo, nos pode impedir de realizar o desdobramento astral. Trata-se do apego ao nosso próprio corpo físico. Assim, deste modo, como acima dissemos, se estamos seguros em seguir o caminho da sabedoria, devemos analisarmo-nos profundamente através da auto-observação e, ato contínuo, pedirmos a Nossa Divina Mãe Kundalini para que elimine de nossa psique todas essas pequenas raízes, formas diminutas do defeito do apego, as quais, por sua vez, alimentam a grande árvore deste sentimento negativo que facilmente nos pode tirar do caminho secreto.
Existe alguns postulados, muito usados na escola gnóstica, que vem bem ao caso textualizá-los aqui:
– “a senda do fio da navalha é mais amarga que o fel” (seja pelas crises de arrependimento que por vezes não querem assolar, conforme vamos nos conscientizando dos nossos próprios defeitos, que por vezes custam a morrer; seja por causa das pedras, farpas, incompreensões que nos lançam, sobretudo nossos familiares, por sermos fiéis em fazer a coisa conscientemente certa – lembremos o Nosso Senhor Jesus Cristo foi humilhado por somente dizer verdades, apontar o caminho real a todos quantos quisessem ouvi-lo e amar a todos como a si mesmo). Nesta senda nossos familiares relutarão para que não mudemos interiormente e nos assediarão para que deixemos a senda.
– “temos que aprender a sacrificar os nossos próprios sofrimentos” (temos que matar as raízes mais profundas do ego, para que surja em nós a compreensão da Verdade, que, como dissemos, vem de Deus). Os sofrimentos são sempre manifestações egóicas, pois a Essência pura e perfeita somente sabe ser feliz.
RECAPITULANDO:
– laços familiares;
– o apego é o maior destes laços;
– o apego é como uma prisão invisível, mas que causa um doce sofrimento egóico;
– necessitamos auto-observamo-nos a nós mesmos a fim de descobrir o apego dentro, julgá-lo e em seguida eliminá-lo de nosso mundo interior;
– morrendo o apego, surge a o verdadeiro amor em nós;
– FAMÍLIA É TODA A HUMANIDADE.